Dores recorrentes nos punhos, tensão na coluna e formigamento nos dedos não são meros desconfortos.
Esses sinais podem indicar LER ou DORT, cada vez mais frequentes no setor bancário em razão da repetitividade das tarefas e da elevada exigência operacional.
A legislação e os órgãos de saúde ocupacional reconhecem essas enfermidades como doenças relacionadas ao trabalho, assegurando ao trabalhador proteção jurídica e previdenciária voltada ao tratamento.
Neste artigo, serão apresentados os principais aspectos relacionados à LER e à DORT no contexto bancário: como identificar os sinais iniciais, os direitos trabalhistas assegurados ao profissional afetado, com foco na proteção da saúde e na preservação dos direitos legais.
Veja também: Burnout no Bancário: Seus 5 Direitos Trabalhistas
Índice
1. O que são LER e DORT?
LER e DORT são doenças relacionadas ao trabalho que atingem músculos, tendões, ligamentos e nervos.
A diferença entre os dois termos está no enfoque:
- LER: termo mais antigo, que destaca a repetição excessiva de movimentos como causa principal.
- DORT: conceito mais moderno, que inclui não apenas movimentos repetitivos, mas também problemas causados por posturas inadequadas, esforço excessivo e fatores psicossociais, como estresse no ambiente de trabalho.
No setor bancário, a combinação de digitação constante, uso do mouse, longos períodos sentado e movimentos repetitivos coloca os trabalhadores em risco.
O reconhecimento dessas doenças como ocupacionais é essencial, porque é ele que fundamenta o direito do trabalhador à proteção legal, tratamento médico e estabilidade no emprego.
2. Sinais de alerta que você não pode ignorar
O corpo dá sinais claros quando algo não está bem. Muitas vezes, a dor começa leve e as pessoas a confundem com cansaço.
Ignorar esses sinais pode transformar um problema temporário em uma limitação permanente.
Fique atento a sintomas como:
- Dor localizada e persistente: punhos, antebraços, ombros, pescoço ou região lombar.
- Formigamento ou dormência: especialmente nas mãos e dedos, muitas vezes ao acordar ou ao usar ferramentas ou o computador.
- Fadiga muscular incomum: dificuldade para executar tarefas que antes eram simples.
- Rigidez e dificuldade de movimento: articulações “travadas”, principalmente pela manhã ou após pausa prolongada.
- Sensibilidade ao frio: áreas afetadas doem ou formigam mais em ambientes com ar-condicionado.
- Perda de força ou precisão: derrubar objetos com frequência ou dificuldade para digitar ou contar dinheiro.
Se esses sintomas aparecem com regularidade, é fundamental buscar diagnóstico médico imediato com ortopedista, reumatologista ou médico do trabalho.
3. A conexão entre LER/DORT e o esgotamento mental
A dor física não se limita ao corpo, ela afeta toda a dinâmica emocional e profissional do bancário.
Nas atividades bancárias, é comum que quadros de LER/DORT apareçam simultaneamente ao Burnout, formando um ciclo de desgaste tanto físico quanto psicológico.
Isso ocorre porque a rotina bancária impõe metas rigorosas, pressiona por resultados e mantém um ritmo intenso de atendimento e processamento de informações.
Quando o trabalhador passa a conviver com dor contínua nos ombros, cotovelos, punhos ou coluna, tarefas simples, como digitar, atender clientes ou utilizar sistemas, tornam-se progressivamente difíceis.
Mesmo assim, ele ainda precisa manter produtividade, metas e qualidade no atendimento.
Nesse cenário, a frustração cresce, a ansiedade aumenta e o estresse se intensifica, contribuindo para o desenvolvimento ou agravamento da Síndrome de Burnout.
4. A lei a seu favor: 4 direitos fundamentais
Quando a doença é reconhecida como ocupacional, o trabalhador passa a ter acesso a direitos que protegem sua saúde e garantem estabilidade:
- Auxílio-doença acidentário pelo INSS: Com a confirmação médica e perícia do INSS, você pode se afastar do trabalho sem perder renda.
- Estabilidade provisória de 12 meses: quando o afastamento supera 15 dias, a lei garante que o trabalhador não pode ser demitido sem justa causa pelos 12 meses seguintes ao retorno.
- Ação por danos morais e materiais: quando condições inadequadas, como falta de mobiliário ergonômico, jornadas prolongadas sem pausas ou cobrança excessiva de metas, causam ou agravam a doença, o trabalhador pode pleitear indenização por danos morais e materiais..
- Reconhecimento do nexo técnico: O nexo técnico estabelece formalmente a relação entre a doença e suas atividades laborais.
A aplicação desses direitos exige análise detalhada do caso, documentação médica adequada e comprovação das condições de trabalho.
5. Conclusão
LER e DORT são doenças ocupacionais sérias e, quando não tratadas e acompanhadas corretamente, podem gerar limitações permanentes e impactos profundos na vida profissional e pessoal do bancário.
Reconhecer os sinais precoces, buscar atendimento médico qualificado e documentar corretamente a evolução do quadro são passos essenciais para preservar sua saúde e seus direitos.
Além disso, por se tratar de uma situação que envolve saúde, perícia médica, nexo causal e legislação trabalhista e previdenciária, a condução adequada do caso exige atenção técnica.
Cada situação possui particularidades, e uma orientação jurídica especializada pode ser determinante para garantir o acesso correto aos benefícios legais e evitar prejuízos futuros.
Há mais de 25 anos no Direito Bancário, atuamos com a profundidade técnica e o rigoroso sigilo necessários para analisar e responder às suas dúvidas, garantindo uma orientação com total clareza e responsabilidade profissional.




